Viver em sociedade significa, entre outras coisas, interagir com outras pessoas. O estudo dessa interação social revela uma série de características interessantes sobre os seres humanos.
Uma característica comum observada na sociedade são os preconceitos que as pessoas têm sobre um determinado grupo social, por exemplo. Além de preconceitos, é comum também deduzirmos a personalidade das pessoas a partir de alguns traços ou atitudes que observamos nelas.
Deduzir personalidades a partir de certos traços, ou ter preconceitos em relação à determinados segmentos da sociedade revela que estamos o tempo todo analisando as pessoas e formando opiniões acerca delas. Nesse processo de formação de opinião, é comum cairmos em um erro de atribuição: considerar que nossas falhas têm origem em fatores externos (ambiente, por exemplo) e que as falhas de outras pessoas têm origem em fatores internos (personalidade). Por exemplo, se uma aula de oito da manhã termina muito tarde e, consequentemente, chegamos atrasados na aula de dez não nos sentimos culpados pois atribuímos o nosso atraso à aula anterior. Por outro lado, se estamos em uma aula e observamos um aluno que chega dez ou quinze minutos atrasados, concluímos que ele não é uma pessoa muito pontual.
Nesse processo de interação social, também influenciamos e somos influenciados constantemente. Essa influência pode se manifestar de diversas formas. Um pai pode por exemplo educar uma criança recompensando-a caso ela siga um comportamento que o pai julga correto ou punindo-a caso ela não o faça. Mas os psicólogos sociais observaram que este tipo de poder não é eficaz, pois a criança tende a seguir o comportamento desejado só quando está sendo fiscalizada. Uma forma mais eficaz de influênciar alguém é usando o poder da informação, ou seja, explicando à pessoa o por quê de algo ser feito daquela forma. Caso a pessoa entenda e concorde, ela irá internalizar aquela informação, e não precisará de fiscalização para seguir aquele comportamento.
Além desses esquemas sociais, e das diversas formas de influências observadas no nosso dia a dia, temos também uma série de atitudes que seguimos e identificamos em outras pessoas. Essas atitudes podem indicar o comportamento de alguém, mas nem sempre o fazem. Psicólogos sociais observaram que para causar uma mudança de atitude em alguém, razões externas são pouco eficazes. Ou seja, da mesma forma que para influenciar alguém é importante que a pessoa internalize a informação, para que esta mude uma atitude ela deve também mudar internamente sua posição. Uma técnica utilizada é mostrar uma incoerência entre pensamentos que a pessoa têm. Isto causa uma desconforto, que leva à pessoa tentar harmonizar estes dois pensamentos, levando eventualmente à uma mudança de atitude.
Ainda dentro da área de interação social, uma temática muito interessante de se estudar é agressao. O que faz uma pessoa ser violenta? Genética? Ambiente? Para responder essas perguntas, é preciso primeiro definir o que é agressão:
"Agressão é um ato com finalidade de causar dano à outrem."
ou seja, estamos considerando agressivos apenas aqueles atos que causam dano de forma proposital. Nesse sentido, observou-se que o comportamento agressivo de uma pessoa deve-se muito à educação que recebeu dos pais. Um filho que observa um pai "estourar" em situações de pressão tende a repetir este comportamento no futuro. Este tipo de conclusão leva à pergunta: "Se o filho tende a repetir o comportamento observado, filmes violentos não deveriam ser restringidos?" Mas a resposta para essa pergunta está longe de ser respondida. Um argumento para o outro lado é que a criança passa por um processo de catárse ao ver desenhos violentos, perdendo a necessidade de descargar uma possível raiva no mundo real.
No outro extremo do comportamento humano estaria o altruísmo. Este também revela traços da personalidade humana. Por exemplo, já ocorreram várias situações onde alguém pede ajuda por um longo período de tempo e ninguém se presta a ajudar. E por outro lado, boa parte dessas pessoas ajudaria esta que estava pedindo ajuda se ela estivesse sozinha. Isto se deve por que quando estamos entre várias pessoas, sentimos que estamos dividindo a responsabilidade de ajudar a pessoa que pede ajuda, e dessa forma nos sentimos menos culpados se não a ajudamos. Por outro lado, se estivéssemos sozinhos, nos sentiriamos muito culpados caso não ajudássemos pois estaríamos com a responsabilidade toda para nós.
Referência: Rodrigues, A. (1992) Psicologia social para principiantes:estudo da interação humana. Rio de Janeiro: Vozes. (capítulos 2,3,4 e 8)
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