domingo, 16 de novembro de 2014

Contexto e Adicção

                       O texto dessa semana aborda a questão do vício em substâncias químicas, específicamente cocaína. Para isso, primeiro é dado uma visão geral da droga e seus efeitos, e depois uma ideia geral das propostas terapêuticas existentes para tratar desse quadro, destacando a importância da análise do contexto de uso da droga.
                      Antes restrita à segmentos da sociedade de alto poder aquisitivo, a cocaína se popularizou (parte devido ao uso do "crack", substância derivada) e agora seu uso se espalhou por classes variadas da população. Essa rápida expansão torna importantíssimos estudos como este para entender como ocorre a transição entre o uso controlado de uma substância para a perda de seu controle e como tratar da situação. O assunto é complexo por que um vício é uma mistura de uma série de fatores, tais como fatores bioquímicos, familiares, econômicos. Além disso, o contexto de uso da droga também é uma características que deve ser estudada pois pode ser importante na criação de efeitos pré-ingestão da substância.
                     Os efeitos da cocaína são variados, mas de modo geral, pode-se dizer que há uma fase inicial de euforia, hiperatividade, sudorese, agitação que será seguida posteriormente de uma fase de depressão ou disforia. Quando administrada repetidamente, essa substância produz uso compulsivo. Chama-se tolerância a necessidade de aumentar a dose para se obter o mesmo efeito que ela outrora produzia. E dependência seria a perda de controle sobre a ingestão. O que impulsiona o uso repetido da substância são denominados de reforço. O reforço positivo é o efeito da euforia citado anteriormente. E o reforço negativo são as alterações químicas que levam à um desconforto quando a droga é retirada do sistema e que é aliviado com o uso subsequente.
                    Há diferentes possibilidades de se analisar o vício. No passado era tratado simplesmente como um ato ilegal e posteriormente foi tratado como doença. Hoje sabe-se que é um quadro complexo, com alterações químicas (tolerância, reforços) e influências do ambiente. Sabe-se por exemplo, que acontece uma antecipação dos efeitos da droga na presença de eventos associados em um uso passado da substância. Descobriu-se que os chamados "sinais de contexto" já são suficientes para que dependentes mostrem desejo pela droga. Estes resultados têm grande influência no tratamento clínico desse quadro.
                    As formas de tratamento atuais diferem significativamente pois há diferentes arcabouços teóricos para lidar com o assunto. Por exemplo, há uma teoria motivacional que trabalha com diferentes estágios de motivação, e diz que para saber se um tratamento terá sucesso ou não, deve-se avaliar em qual desses graus de motivação o paciente se encontra. Outro modelo é o comportamental que irá entender o vício como decorrente da relação do organismo com o seu ambiente (comentado no parágrafo anterior). O interessante desse modelo é que entendendo a influência do ambiente é possível criar mais formas de tratamento como por exemplo, expor o paciente a pequenos estímulos do ambiente sem a droga para que ele aprenda a evitar a recaída.
                    Enfim, o texto dessa semana foi só a introdução de um estudo feito por uma aluna de psicologia sobre o assunto. Nessa pesquisa ela irá focar nesse aspecto dos complexos sinais de contexto que precedem imediatamente o uso da droga e também sinais que ocorrem bem antes do uso.

Referência: Almeida, A.M.C. (2008) Complexidade de associações de estímulos condicionais de occasion setting do contexto do uso de droga com abstinentes de cocaína: uma interface entre o laboratório e a clínica. Universidade de São Paulo: tese de doutorado.

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