Nosso sistema sensorial é a parte do nosso corpo responsável pelo processamento de informações sensoriais. Para isso, é necessário traduzir as percepções do mundo físico para a mente. É então que entra o conceito de sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato). Mas, apesar de conhecermos bem os cinco sentidos, quando pensamos em áreas de pesquisa, o último que consideramos é o sentido do tato (os primeiros sendo visão e audição). Podem ser citados vários motivos para poucos pessoas no mundo estudarem o tato, mas o fato é que a sociedade poderia melhorar muito tecnologicamente se mais pesquisadores se dedicassem à essa área.
Como exemplo de tecnologia criada a partir do estudo do tato, pode-se citar o macacão táctil de pilotagem criado por Angus Rupert (médico da NASA). Com essa "roupa", o piloto recebe informação tátil sobre o ambiente (altitude, inclinação) e reage instintivamente aos "pulsos". Com essas informações, a pilotagem fica bem mais segura pois o piloto não depende apenas de informações visuais. Esse tipo de tecnologia aliado à tecnologia de radares também pode ser incorporado em veículos terrestres para avisar o motorista quando algo estiver muito próximo do veículo. Além disso, essa tecnologia pode ajudar deficientes visuais à se guiar, e à deficientes auditivos (o cérebro pode ser treinado à receber sons pela pele!)
Enfim, o sentido do tato pode trazer uma série de benefícios para sociedade. Mas por não ser uma área tradicional de pesquisa (além da falta de uma grande indústria que apoie esse desenvolvimento), cria-se uma barreira para inovações tecnológicas que poderiam mudar nossas vidas.
Referência: Schrope, M. (2001). O novo sentido do tato, New Scientist, 2 de Junho,
30-33.
O outro texto que eu li essa semana é o texto "Patologia do Tédio". Esse texto também trata de uma área de pesquisa não-tradicional: o tédio. Como nosso corpo reage à momentos de monotonia?
Pesquisadores perceberam que organismos param de responder à estímulos repetitivos após um certo tempo. Em um experimento, pediu-se para pessoas observarem um ponteiro e pressionassem um botão sempre que o ponteiro desse um pulo duplo. A eficiência dos participantes do experimento diminui depois de meia hora!. Em outro experimento (mais complexo) os participantes usaram visores, luvas e travesseiros para evitar estimulação perceptual e foi feito uma série de testes para observar seus desempenhos antes e depois do experimento. Os resultados foram impressionantes. Primeiro, observou-se que as pessoas que estavam participando do experimento tinham uma capacidade de concentração bem menor depois de um tempo de monotonia. Além disso, vários participantes relataram que estavam sofrendo alucinações. E vários se diziam confusos após o experimento.
Esse tipo de pesquisa demonstra que nosso cérebro depende de estímulo constante para funcionar corretamente e mostra que para nos sentirmos com energia precisamos estar envolvidos em atividades que consideremos interessantes.
Estudos como esse também podem servir como fonte de explicação para alguns acidentes envolvendo motoristas de caminhão ou pilotos que após muito tempo realizando a mesma atividade monótona relatam ter tido algum tipo de alucinação que fez com que fizessem movimentos abruptos e que não fariam caso estivessem tão concentrados quanto estavam no começo do percurso.
Referência: Heron, W. (1977) A patologia do tédio. Psicobiologia: as bases biologicas do comportamento. Rio De Janeiro: LTC.
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